Olá a todos! Vim trazer o terceiro conto do personagem Ricardo Slayer. Como sempre é algo curto, tanto que deixo bem claro desta vez no título que é uma versão inicial. Com o passar do tempo e a escrita destes pequenos contos, estou começando a ver a forma com a qual irei escrever a obra definitiva do personagem de duas mil vidas.
Vou deixar o link com a versão em pdf, se alguém preferir ler fora do browser.
Agora, fiquem com o conto. Agradeço críticas. (Aviso desde já que só fiz uma segunda leitura, sou péssima para revisão)
O Feriado Perdido de Ricardo Slayer (versão
curta)
por Lilian Kate Mazaki
Novembro 2012
Ricardo Slayer acordou subitamente e levantou quase pulando. Teve
certeza desde o primeiro momento que algo havia acontecido. Sua visão
estava borrada e o cenário era escuro, mas ele tinha certeza de que
era uma espécie de pequeno bar. Pela falta de movimento ele
acreditou estar sozinho.
As mãos fizeram o movimento automático para ter certeza de que
estava acordado. Uma foi para o bolso esquerdo da calça, onde estava
seu celular e a outra para a alça da bolsa, que estava ali também.
Ele não sabia se achava isso melhor ou pior, mas pegou o o
smartphone para verificar algumas coisas.
Era dia 26. Ele já sabia, mas foi verificar no seu aplicativo de
calendário para ter a sentença: sim, sua última memória era do
dia 21. Haviam se passado cinco dias em sua vida e ele estava em um
lugar completamente diferente.
Alguém havia tomado seu lugar. Alguma de duas outras duas mil vidas
conseguira sabotá-lo e assumir seu papel durante todo aquele tempo.
Talvez ele devesse entrar em pânico, mas a verdade é que de alguma
forma já conseguia lidar com aquela condição única sem estranhar
tanto assim.
Tinha que voltar para casa. Sorte sua que ele havia emendado o
feriadão com algumas folgas, o que significava que ainda tinha dois
dias para ajeitar o que tivesse acontecido antes de ter que voltar ao
serviço. Existia também a chance de ele não ter mais emprego,
porém isso não o preocupou muito. Na verdade uma lembrança
inesperada tomou sua atenção por completo:
― Essa não! Eu não devo ter ido ao encontro no sábado! ―
exclamou, batendo com a palma da mão na testa com força. Depois de
tanto tempo tentando encontrar uma chance de convidar Milene para
alguma coisa fora de dias de trabalho, provavelmente ele havia dado
um bolo nela. Isso sim era uma possibilidade que o amedrontava
imensamente, ter perdido para sempre a chance de tentar sair com a
colega de serviço.
Finalmente ele conseguiu enxergar melhor o pequeno bar onde se
encontrava. O local parecia estar fechado a alguns anos já, pois
havia poeira e teias grossas pelas cadeiras e mesas. Seus olhos
correram o local e ele viu o cartão de visitas que estava
cuidadosamente depositado logo à sua frente, na bancada mofada do
estabelecimento. Nele havia somente uma frase escrita à mão. Uma
simples sentença que não faria sentido para ninguém no mundo que
não fosse Ricardo Slayer.
“Eu sou você”
Um arrepio correu pelas costas do homem e instintivamente ele agarrou
o cartão e se dirigiu à porta visível daquele moquiço. Sua visão
periférica mostrou que havia alguém caído em meio à sujeita no
seu lado esquerdo.
Não, ele não viu nada. Seu corpo estava dolorido e pesado, então
aquele vulto inerte podia significar algo bem pior do que perder o
encontro. Sim, ainda existiam coisas piores do que isto.
Ricardo saiu do lugar e viu-se em uma pequena ruela de uma cidade
aparentemente pequena. Torcia para ainda ter algum dinheiro consigo,
senão seria bem mais trabalhoso retornar à capital.
Ao tentar pegar o celular mais uma vez do bolso, Ricardo percebeu que
ainda estava com o cartão na mão. Olhando-o melhor viu que havia
algo escrito no outro verso.
“334 – Ricardo Slayer – Detetive Multidimensional”
A vida não parava de trazer surpresas para a vida comum e sem graça
do homem de duas mil e uma vidas.